Quando está espionando uma vizinha, Maddy, uma velha excêntrica e solitária que mora num farol, foge e lhe quebra a cerca. Chamado para consertá-la, os dois ficam amigos e dividem suas perdas. Maddy, que também perdeu seu filho, lhe ensina a acreditar em anjos.
Baseado no livro de Grace Duffie Boylan, "Quando os Anjos Falam" é um filme resgate que emociona pela simplicidade. O principal ponto é a crença ou não do que há depois da morte, mas o desenvolvimento é mesmo de uma bela amizade entre duas pessoas tão improváveis.
A maioria dos filmes com temática espiritualista utiliza de efeitos especiais e de roteiros recheados de sustos e de suspense para prender a atenção do espectador.
Na contramão desta tendência, "Quando os Anjos Falam" não possui grande recursos visuais, seu grande instrumento para prender o público é exatamente o roteiro muito bem desenvolvido e um elenco competente.
O cerne principal do filme é o encontro entre Maddy (Redgrave), uma senhora que mora só e cujo filho morreu na guerra, e James, um garoto que não consegue superar a morte da mãe e que tem problemas de relacionamento com sua madrasta. A partir deste encontro os dois constroem uma sólida amizade que trará para ambos grandes lições...
Um garoto, James Neubauer (Trevor Morgan), é atormentado pela lembrança de um acidente de carro, que provocou a morte da sua mãe, alguns anos antes.
O pai dele, Nathan (Ray Liotta), lhe dá pouca atenção e James nutre um profundo ódio, sem motivo, pela sua madrasta, Mary (Catherine McCormack).
James se sente cada vez mais só e não tem muito prazer em passar as férias de verão na casa de praia deles, principalmente por não ter a companhia de alguém da sua idade.
Assim, passa o tempo explorando as praias próximas. Numa destas excursões, quando já tinha anoitecido, ele chega na casa da idosa e reclusa Maddy Bennett (Vanessa Redgrave), que tinha fama de ser excêntrica.
A presença de Maddy com espingarda em punho o assusta e ele acaba quebrando a cerca dela. Maddy vai procurá-lo e James se compromete em consertar sua cerca.
Enquanto trabalha, ele e Maddy criam uma profunda amizade. Quando a família dele descobre sua ligação com Maddy, eles erradamente a culpam de inventar histórias, que prejudicam James, e o proíbem de ter contato com ela. Esta atitude afetará toda a família.
Maddy é vista por muitos como louca, pois “fala” com espíritos. Sua relação inicial com James não parece muito amistosa, mas ela provará ser a única capaz de ouvi-lo e entendê-lo.
O aparente clichê de uma velha solitária em uma casa "mal assombrada" pode assustar no início. Mas, quando James e Maddy começam a se comunicar, a trama vai ganhando corpo.
Em sua solidão após a morte do marido e do filho, mas com uma fé no que está do outro lado, Maddy é a única que consegue quebrar a barreira daquele garoto machucado por sua perda terrível. Mais do que isso, por seu trauma de um acidente tão forte.
Não é preciso efeitos especiais, aparições mediúnicas contestáveis ou não, ou mesmo sustos e desesperos.
É a velha história do "e se". E se existir vida após a morte. E se a gente conseguir se comunicar com os nossos familiares. A esperança é que move aqueles dois personagens e eles se entendem de uma maneira incrivelmente bela.
"A alma sai do corpo como um aluno deixa a escola: de repente e com alegria".
Se essa mensagem foi enviada pelo filho de Maddy ou não, pouco importa. É o significado dela que é a chave naquela trama.
Essa compreensão de que estamos nesse mundo para aprender e que quando chegar o nosso momento, simplesmente deixaremos a vida, como uma escola. Fica uma certa saudade, lembranças gostosas, mas nosso tempo passou. É hora de seguir novos passos.
E Peter O'Fallon consegue construir bem esse clima de leveza ao falar de temas tão profundos.
A química entre a experiente atriz Vanessa Redgrave e o, na época, jovem ator Trevor Morgan funciona muito bem. É possível crer naquela amizade improvável.
Quando os Anjos Falam é daqueles filmes feitos para emocionar. Com um tema delicado, consegue nos conduzir com leveza em uma história de amizade profunda que se identifica pela dor e esperança de algo além desse mundo que nossos cinco sentidos são capazes de ver.
O filme mostra todos esses aspectos espirituais de forma muito natural e sem precisar exibi-los, o que torna o roteiro ainda mais inteligente e conduz o espectador a uma reflexão sobre a vida no além.
Através da mediunidade de Maddy, que recebe mensagens de seu filho, James vai adquirindo a certeza que a morte não existe, que é apenas uma passagem e que a vida espiritual é plena, e que sua mãe está viva. Essa certeza vai sendo construída ao longo do filme até que no emocionante final a comprovação definitiva vem.
filme perfeito
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