Transformar Marte em um planeta semelhante a Terra.

Terraformação é a denominação dada ao processo, até agora teórico, de modificar um planeta, um satélite natural ou outro corpo celeste para que este tenha melhores condições de ser habitado por humanos ou outros animais. Um planeta pode ser considerado terraformado com sucesso quando a atmosfera e a temperatura nele verificadas sejam semelhantes à atmosfera e a temperatura do planeta Terra.

O termo "terraformação" foi empregado pela primeira vez em 1949 num romance chamado Seetee Shock, de Jack Williamson. Ao longo do tempo o termo foi usado em diversos filmes e livros de ficção científica, mas foi só a partir da década de 1980 que o termo passou realmente a designar um ramo de estudo em engenharia planetária.

[caption id="attachment_968" align="aligncenter" width="600"]20140801laguna_mars_simulation Início do processo de colonização e terraformação em Marte.[/caption]

 

É importante também ressaltar que a terraformação não é necessária para que seres humanos possam viver em outro planeta, satélite ou corpo celeste, por exemplo, na Estação Espacial Internacional os astronautas sobrevivem por meses e com o devido cuidado com a saúde poderiam passar a vida toda por lá. A terraformação é um processo caro e demorado como será explicado adiante, a única vantagem seria a comodidade de mantermos os mesmos hábitos que temos na Terra, e a paisagem com que estamos acostumados.

Por que Marte?

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Agora que sabemos o que é (e veremos adiante como) terraformação, porque estudarmos a possibilidade de terraformar Marte? Porque ele em específico dentre todos os outros corpos do Sistema Solar?

Vejamos outros candidatos e por que não seria interessante terraformá-los:

  • Mercúrio: Esse pequeno planeta se encontra muito próximo ao Sol o que faz com que sua temperatura seja muito alta tornando difícil o desafia de resfriá-lo a uma temperatura que permita a existência de água líquida e mantê-lo nessa temperatura;

  • Vênus: Mesmo estando mais afastado é mais quente do que Mercúrio graças ao efeito estufa devido a sua atmosfera muito densa e com gases tóxicos a nossa forma de vida, isso tudo implicaria gastos altíssimos e muito tempo.

  • Lua: Pela proximidade seria a primeira opção o grande problema é a escassez de elementos vitais, como Hidrogênio, Nitrogênio e Carbono, transportar a quantidade necessária desses elementos seria trabalhoso e principalmente deveria ser extraído de algum outro planeta.


Nesse ponto devemos ressaltar algo importante, a terraformação só é possível em planetas telúricos (rochosos) os gigantes gasosos como Júpiter, Saturno, Urano e Netuno não são capazes de suportar formas de vida como as conhecemos.

  • Europa (Satélite de Júpiter): Uma grande vantagem deste satélite é o fato de que ele já possui uma boa quantidade de água, porém se encontra muito afastado da nossa estrela (o Sol) e por isso a temperatura é baixíssima e essa água encontra-se toda congelada e seriam necessários muitos gastos para aumentar a temperatura e mantê-la. Apesar de tudo é a melhor opção até agora...

  • Titan (Satélite de Saturno): Possui o mesmo “defeito” de também estar muito longe do Sol.

  • Marte: Finalmente o tão esperado planeta vermelho, apesar de ser bastante frio e seco e possuir uma atmosfera muito rarefeita. Possui:

    • Água (congelada nos polos)

    • Nitrogênio

    • Carbono e Oxigênio (na forma de dióxido de carbono, CO2)




Ou seja, é vizinho ao nosso planeta, está próximo o suficiente do Sol para tornar viável a manutenção da temperatura (com alguma ajuda, veremos), possui todos os elementos vitais.

 

  • Atmosfera de Marte Atmosfera da Terra

    • 3 % CO2 78.1 % Nitrogênio

    • 7 % Nitrogênio 20.9 % Oxigênio

    • 6 % Argônio 0.9 % Argônio

    • 2 % Oxigênio 0.1 % CO2




 

E ainda possui outras semelhanças com a Terra:

  • Duração do dia: 24h37m (na Terra: 23h56m);

  • Eixo de Rotação Inclinado de 24º (Terra: 23,5º);

  • Aceleração gravitacional g/3 (Terra: g);

  • Perto o suficiente do Sol para experimentar Estações do Ano;


 

Como já foi dito, apesar das vantagens precisa ser “consertado” em alguns aspectos importantes para a manutenção da vida, por exemplo, o fato de sua atmosfera ser muito rarefeita e com porcentagens de compostos não-convenientes (mostrado acima), além de ser muito frio com temperatura média de -62,77 ºC, máxima de 23,88 ºC e mínima de -73,33 ºC. Ou seja, nosso primeiro desafio e deixá-lo com uma temperatura alta o suficiente para permanência de água no estado líquido. E para superar tal desafio há varias alternativas:

  • Espelhos gigantes orbitais;

  • Arremesso de Asteroides;

  • Estufas Artificiais;



  • Cientistas propuseram construir um espelho de cerca de 250 km de diâmetro e colocá-lo em órbita de Marte para refletir radiação solar e aquecer o planeta. O objetivo é apontar os espelhos para as calotas polares para que o aumento da temperatura libere gases que ajude o efeito estufa e esse contribua para o aumento da temperatura que contribui para o efeito estufa e assim sucessivamente. O projeto Znamia da Rússia faz uso desta idéia, um espelho de 20 metros de diâmetro cuja camada refletora de alumínio com 5 micrômetros pesava 5 quilos, durante os testes a luz refletida pelo espelho (na Rússia durante a noite) foi visível de regiões do Canadá e EUA. Há estudos também de se utilizar um espelho maior para o aquecimento de parte da Rússia.

    • Contrapontos:




Um espelho com o tamanho proposto pesaria cerca 200.000 ton. Nossa tecnologia não pode lançar algo tão pesado da Terra, a alternativa seria construí-lo no espaço.

  • Outra alternativa para aumentar a temperatura seria “lançar” asteroides em direção à superfície do planeta, super-foguetes teriam que rebocar asteroides preferencialmente ricos em amônia (e, se possível, água) para colocá-los em rota de colisão com Marte. O impacto liberaria os gases contidos no asteroide e aumentaria a temperatura (principalmente na região de impacto) liberando gases contidos no solo de Marte, que por sorte também é rico em gases estufa.

    • Contrapontos:

    • Lançar asteroides muito grandes poderia deixar o local inabitável por alguns séculos. A alternativa é lançar vários asteroides de pequeno porte o que demoraria mais e requer tanto quanto ou mais recursos



  • A terceira alternativa é construir em Marte fábricas que “produzam” gases que ajudariam o efeito estufa, utilizando os gases já presentes em outras composições, no solo ou na atmosfera do planeta, um passo além é fazer essas fábricas simularem o processo de fotossíntese, o que começaria uma oxigenação da atmosfera. Pode-se fazer isso com fábricas artificiais ou. Com estufas robóticas que mantêm cultivo de plantas, esse tipo de estufas já foram projetadas e testadas pela Agência espacial americana (NASA).


 

Após aumentarmos a temperatura do planeta, supomos também que já haveria uma atmosfera mais densa do que a atual, devido aos gases presos nas rochas marcianas que seriam “libertos”. O próximo passo seria então nos certificarmos de que a pressão atmosférica seja suficientemente grande, pois sem o aumento da pressão, o sangue humano iria literalmente "ferver" à temperatura ambiente. Marte possui uma pressão atmosférica fraquíssima, em torno de 10 mb (milibar), o que é praticamente desprezível (A Terra possui 1000 milibares, ou 1 bar). Como já explicamos a maioria desse gás que existe no planeta está congelada em forma de rochas. Decompondo essas rochas poderá prover mais 300 mb à pressão atmosférica, uma pressão de 400 mb já seria o suficiente para sustentar algumas formas de vida como veremos a seguir.

 

O próximo desafio, após a temperatura e pressão normalizada é bloquear a parcela prejudicial da radiação eletromagnética proveniente do sol, principalmente os raios ultravioletas (UV). Para bloquear tal radiação seria necessária a produção de uma camada de ozônio (O3) em grande escala, caso contrário a radiação UV poderia causar mutações e morte nos humanos (ou animas).

Por incrível que pareça, existem seres que podem sobreviver com os raios ultravioletas, estes são bactérias recentemente descobertas pela engenharia genética e biológica. Dois exemplos famosos são listados abaixo:

  • Chroococcidiopsis sp.

    • Bactéria muito resistente encontradas em situações extremas, tanto na Antártida como em desertos.



  • Deinococcus radiodurans.

    • Também muito resistente e muitas vezes encontrada em reatores nucleares.




 

Em resumo o programa se mostra como o seguinte:

 

                        Etapa                                                 Objetivos                                          

  • Aquecimento Planetário :           Aquecer o planeta em torno de 60ºC

  • Pressurização Planetária :    Aumentar a pressão para pelo menos 400 mb

  • Criação do Ozônio:           Criar uma camada protetora de ozônio para UV

  • Ativar a Hidrosfera:         Descongelar a água do subsolo marciano

  • Cultivo de Anaeróbicos:    Começar a fase de Oxigenação

  • Oxigenação:  Criar uma atmosfera respirável


 

Nem todos os planetas podem ser terra-formados, por exemplo, os planetas gasosos, ou com atividade geológica intensa, planetas extremamente frios ou quentes, ou ainda planetas em sistemas estelares ou órbitas instáveis não são viáveis, porém existe (exceto para os gasosos) a possibilidade de formação de colônias nesses planetas.

Terraformar um planeta não é apenas difícil do ponto de vista técnico-científico, é ainda mais difícil do ponto de vista econômico. A terraformação pode custar trilhões de dólares e ainda assim ser mal sucedida. O número elevado de empresas e países que, previsivelmente, envolver-se-iam em tal processo também é sinônimo de disputas e instabilidade econômica global e o retorno financeiro pode demorar década ou séculos.

Se o motivo da terraformação for as condições do planeta Terra é mais viável investir (mesmo que bilhões) na recuperação deste.

Há um debate filosófico referente às questões éticas envolvidas num processo de terraformação, alguns acreditam que é obrigação moral da humanidade fazer de outros mundos um lugar apropriado para a vida, como uma continuação do histórico talento humano de transformar os ambientes que o rodeiam. Entretanto existem pensadores mais cautelosos que acreditam que a terraformação pode ser uma antiética interferência humana na natureza. Outros ainda defendem que a terraformação não fere a ética desde que o planeta a ser terraformado não abrigue formas de vida própria

O conceito de alterar um planeta para torná-lo mais habitável surgiu em 1898 com o lançamento do livro The War of the Worlds, de H. G. Wells. No livro, os extraterrestres invadem o planeta, derrotam a civilização humana e iniciam um processo de terraformação. Desde então é natural se ver no cinema ou televisão coisas dessa natureza. Por exemplo:

  • No filme Serenity, dezenas de planetas e centenas de satélites naturais são terra-formados em um sistema estelar distante, para o qual a civilização humana é forçada a migrar, em virtude do esgotamento dos recursos naturais da Terra devido à super população.

  • No filme animado, Titan A.E., a nave Titan é capaz de terraformar outros planetas.

  • Na série de desenho animado americana Futurama, Marte aparece terraformado.

  • Na série de televisão americana Star Trek a Federação tem o poder de terraformar mundos

  • No "Universo Expandido" de Star Wars, a raça Yuuzhan Vong tem o poder de terraformar mundos.

  • No episódio "Eu Sou Terraformador" da série de desenho animado estadunidense Eu Sou o Máximo, os personagens principais, Máximo e Babão terraformam um planeta para que ele possa ser colonizado.

  • No filme "Aliens, o Resgate”, o planeta em que outrora (no primeiro filme Alien, O Oitavo Passageiro) era inóspito, esteve em processo de terraformação quando foi colonizado pelos seres humanos, até que houve a infestação pelos alienígenas e toda população foi dizimada, restando apenas a criança que foi resgatada pelos fuzileiros e a Tenente Ellen Ripley (Sigourney Weaver).

  • No filme "O Vingador do Futuro”, a terraformação de Marte foi o foco final do filme.

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